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Dia Internacional da Mulher

Hoje, dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, temos poucos motivos para uma comemoração. As notícias sobre a violência contra a mulher continuam a nos impactar diariamente, através das manchetes de jornais e revistas.

Em todas as áreas de nossas vidas continuamos sendo desafiadas a enfrentar o patriarcado disfarçado sob as mais diferentes formas: da violência explícita contra as mulheres - neste país que, para nossa vergonha, bate recordes de feminicídio - a atitudes mais sutis e imperceptíveis, como tentativas de nos calar ou nos tornar invisíveis, seja numa simples conversa entre amigos, ou até mesmo em reuniões institucionais. Atitudes, aliás, que nem sempre são praticadas por homens, mas também por mulheres, seja com ou sem consciência do que estão fazendo. Não pretendo aqui discutir essa complexa problemática, nem discutir cada uma das situações cotidianas que nos afetam, mas buscar, nos dados concretos que exprimem nossa realidade, razões que permitam enxergar a possibilidade, pelo menos em tese, da superação dessa condição tão aviltante.

Penso que, não obstante as relações interpessoais, dentro e fora da universidade, continuarem a ser perpassadas pela cultura do aniquilamento do feminino, ainda há ilhas de resistência, nas quais as relações humanas primam pelo respeito, pela solidariedade e companheirismo, pelo apoio mútuo e pelo compromisso com a igualdade de gênero. Penso ser este o caso das relações interpessoais, tal como se configuram em nosso departamento. Relações que tendem a se aperfeiçoar cada vez mais, na medida em que crescemos e aprendemos, não sem certo sofrimento e conflitos interiores, a nos tornar pessoas melhores. E mais dignas.

Ainda não podemos dizer Feliz Dia Internacional da Mulher, mas podemos dizer – e espero estar certa - que nossos colegas e nossas colegas do departamento honram uns aos outros com sua consideração e respeito. Só isso já faz surgir um foco de luz nesta escuridão imposta pelos resquícios do fascismo com sua misoginia, a serem enfrentados a cada dia, nutridos pela fragilidade das instituições, pelo esfacelamento dos vínculos sociais e pela ausência de consciência social e política.

Obrigada colegas, pois vocês propiciam que uma nota como esta seja feita.

Ainda não é um Feliz Dia da Mulher, como gostaríamos, mas em nosso departamento, nós, filósofas, temos a certeza de sermos respeitadas por todas e todos, e isso já é uma grande coisa para começarmos a luta.

Abraços a todas as colegas, com respeito e admiração,

Profa. Dra. Jacira de Freitas
Professora Associada do Departamento de Filosofia
Chefe do Departamento de Filosofia - EFLCH/UNIFESP

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